segunda-feira, 25 de março de 2013

Oposição em Parnamirim? Que oposição?


Cefas Carvalho



A democracia é caracterizada pela divergência de idéias, o que gera a Situação (quem está no poder político-administrativo) e Oposição (quem não concorda com as idéias e ações de quem está no poder). Portanto, é de praxe dos regimes a existência dessas duas esferas, que rivalizam e lutam pela simpatia do cidadão-eleitor.

Contudo, Parnamirim vive atualmente uma situação sui generis. Politicamente não existe – na prática, claro – oposição no município à administração municipal.

Explica-se: em outubro do ano passado, o prefeito Maurício Marques (PDT) derrotou – pela 2ª vez consecutiva – o deputado Gilson Moura (PV). Ao contrário da eleição de 2008, quando a disputa foi acirrada, em 2012, Maurício abriu 13.519 votos de diferença (43.602 contra 30.903).

Possivelmente abatido com a derrota e filiado a um partido em rota de desgaste no Estado (graças à desastrosa gestão Micarla de Sousa, em Natal), Gilson - a exemplo do que também fez em 2009 – “mergulhou” em 2013.

Considerado por analistas e por políticos como um oposicionista que não faz oposição, Gilson “sumiu” de Parnamirim, mantém poucos contatos com as bases que o apoiaram, não se pronuncia sobre a gestão atual e sobre Maurício na Assembléia Legislativa – fórum político onde tem voz.

O vice-prefeito na gestão Maurício anterior, Epifânio Bezerra, que rompeu com o prefeito para tornar-se candidato a vice na chapa de Gilson, poderia ser o nome da oposição, mas parece não ser vocacionado para isso. Além do mais, conhecido pelos modos elegantes e discrição política, não tem o destempero necessário para o barulho que uma oposição precisa fazer.

Registre-se que na eleição, também concorreu o professor Tita Holanda (PSOL) que teve 3.940 votos, e que, na prática, com uma postura silenciosa e sem espaço político, não consegue ter uma ação oposicionista.

A falta de líderes na oposição relete na Câmara Municipal. Dos 18 vereadores eleitos, apenas 3 o foram pela oposição: Kátia Pires (DEM), Gildásio Figueiredo (PSDB) e Clênio Santos (PV). Porém, tudo indica que, “órfãos” de lideranças políticas de oposição, os vereadores percebam que migrar para a situação pode ser a melhor saída.



GILDÁSIO E KÁTIA

Embora não tenha oficializado nada e até as sessões  da semana passada ele continue na Oposição, Gildásio tem seu nome especulado como possível “migrante” para a situação. Gildásio foi a principal voz oposicionista na Câmara no governo passado e pode ter se cansado de “dar murro em ponta de prego”.

A situação de Kátia é mais delicada. Aliada de Maurício Marques nos primeiros três anos de governo, rumou para a oposição no ano de eleição. Mas, pode sentir na pele os efeitos do “sumiço” de Gilson, a quem apoiou, do cenário político de Parnamirim.

“Realmente é dificil para um vereador fazer oposição como uma voz solitária, sem um líder para o respaldar”, comentou um vereador situacionista.

Neste quadro, quem sai ganhando é o prefeito Maurício Marques, que, movendo poucas peças do tabuleiro do xadrez político, observa algo que é sonho de muitos políticos: administrar sem oposição.

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