Cefas Carvalho
A democracia é caracterizada pela divergência
de idéias, o que gera a Situação (quem está no poder político-administrativo) e
Oposição (quem não concorda com as idéias e ações de quem está no poder).
Portanto, é de praxe dos regimes a existência dessas duas esferas, que
rivalizam e lutam pela simpatia do cidadão-eleitor.
Contudo, Parnamirim vive atualmente uma
situação sui generis. Politicamente não existe – na prática, claro – oposição
no município à administração municipal.
Explica-se: em outubro do ano passado, o
prefeito Maurício Marques (PDT) derrotou – pela 2ª vez consecutiva – o deputado
Gilson Moura (PV). Ao contrário da eleição de 2008, quando a disputa foi
acirrada, em 2012, Maurício abriu 13.519 votos de diferença (43.602 contra
30.903).
Possivelmente abatido com a derrota e filiado
a um partido em rota de desgaste no Estado (graças à desastrosa gestão Micarla
de Sousa, em Natal), Gilson - a exemplo do que também fez em 2009 – “mergulhou”
em 2013.
Considerado por analistas e por políticos
como um oposicionista que não faz oposição, Gilson “sumiu” de Parnamirim,
mantém poucos contatos com as bases que o apoiaram, não se pronuncia sobre a
gestão atual e sobre Maurício na Assembléia Legislativa – fórum político onde
tem voz.
O vice-prefeito na gestão Maurício anterior,
Epifânio Bezerra, que rompeu com o prefeito para tornar-se candidato a vice na
chapa de Gilson, poderia ser o nome da oposição, mas parece não ser vocacionado
para isso. Além do mais, conhecido pelos modos elegantes e discrição política,
não tem o destempero necessário para o barulho que uma oposição precisa fazer.
Registre-se que na eleição, também concorreu
o professor Tita Holanda (PSOL) que teve 3.940 votos, e que, na prática, com
uma postura silenciosa e sem espaço político, não consegue ter uma ação
oposicionista.
A falta de líderes na oposição relete na
Câmara Municipal. Dos 18 vereadores eleitos, apenas 3 o foram pela oposição:
Kátia Pires (DEM), Gildásio Figueiredo (PSDB) e Clênio Santos (PV). Porém, tudo
indica que, “órfãos” de lideranças políticas de oposição, os vereadores
percebam que migrar para a situação pode ser a melhor saída.
GILDÁSIO E KÁTIA
Embora não tenha oficializado nada e até as
sessões da semana passada ele continue
na Oposição, Gildásio tem seu nome especulado como possível “migrante” para a
situação. Gildásio foi a principal voz oposicionista na Câmara no governo passado
e pode ter se cansado de “dar murro em ponta de prego”.
A situação de Kátia é mais delicada. Aliada
de Maurício Marques nos primeiros três anos de governo, rumou para a oposição
no ano de eleição. Mas, pode sentir na pele os efeitos do “sumiço” de Gilson, a
quem apoiou, do cenário político de Parnamirim.
“Realmente é dificil para um vereador fazer
oposição como uma voz solitária, sem um líder para o respaldar”, comentou um
vereador situacionista.
Neste quadro, quem sai ganhando é o prefeito
Maurício Marques, que, movendo poucas peças do tabuleiro do xadrez político,
observa algo que é sonho de muitos políticos: administrar sem oposição.