sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Tiro no pé?: Wilma amarga possibilidade de derrota e avalia estratégia errada

Cefas Carvalho
e Tiago Rebolo


Governadora reeleita após ter sido prefeita de Natal por três mandatos, uma das principais lideranças políticas do Estado, Wilma de Faria (PSB) parecia voar em céu de brigadeiro no início de 2010, quando abdicou do governo para tentar o que seria a consagração da sua carreira política: uma vaga no Senado Federal. Contudo, se viu diante de uma “casadinha” bem azeitada dos adversários José Agripino Maia (DEM) e Garibaldi Filho (PMDB), além de ver seu candidato ao governo, Iberê Ferreira de Sousa, com problemas de saúde e sem confiança da população. O resultado foi uma derrota dupla, tanto na disputa para o Senado quanto para o governo, pois Iberê sucumbiu perante Rosalba Ciarlini (DEM).
Na ocasião, não faltaram analistas políticos  e mesmo correligionários para apontar que a melhor saída para Wilma seria disputar uma vaga na Câmara Federal, tida como certa, e não “trombar” com Agripino e Garibaldi, que tem estruturas mais eficientes para uma eleição para o Legislativo e não tem desgastes administrativos. Consta que Wilma não deu ouvidos a tais conselhos e confiou em seu carisma rumo ao Senado. Deu no que deu.
Em 2014, guardadas as devidas proporções, a história pode se repetir. Na pré-campanha eleitoral, Wilma não assumia a candidatura ao Senado, deixando claro que poderia tentar uma nova candidatura ao Governo. O posicionamento encontrava respaldo nas pesquisas de opinião pública, que sempre a colocavam como a preferida do eleitorado. Em um levantamento contratado pelo Portal No Ar e realizado pela Consult entre os dias 22 e 24 de dezembro do ano passado, por exemplo, Wilma liderava a pesquisa com 41% das intenções de voto, contra 17% do então cotado Henrique Alves (PMDB) e 11% de Robinson Faria (PSD). Noutros cenários, a pessebista ainda vencerias disputas contra Fernando Bezerra e Garibaldi Filho. Mesmo assim, a professora decidiu arriscar o Senado.
Do outro lado da disputa, Fátima Bezerra (PT), bem avaliada como deputada federal e disposta a continuar a ampliação de contatos nos municípios, viu que este seria o momento ideal para tentar uma vaga no Senado. Para isso, contava ao seu favor não ter que enfrentar Garibaldi ou Agripino. Sabia também que o PT nacional tinha como meta ampliar a bancada de senadores, hoje com 13 parlamentares. O aumento seria estratégico num eventual segundo Governo Dilma e uma boa representação “bancaria” o projeto.
Com o dia da eleição se aproximando, os números das últimas pesquisas de intenção de voto frustram os aliados de Wilma e indicam que a tática da ex-governadora pode ter se mostrado mais uma vez equivocada. A pessebista, que nadava de braçada nos primeiros levantamentos, vê sua principal oponente ultrapassá-la na disputa e abrir vantagem. Em pesquisa realizada pelo instituto Certus e divulgada na última terça-feira (23) pelo Blog do BG, se a eleição fosse hoje, Fátima venceria por mais de 11 pontos de vantagem: 43,07% a 31,76%.
Parecida situação mostra o levantamento feito pela Seta, por meio do portal Nominuto. Enquanto a petista lidera com 38,2% das intenções, Wilma tem 27,3% das pretensões de voto.
A pergunta que fica é: em caso de derrota nas urnas, seria este o fim da carreira política de Wilma de Faria? Perdendo a disputa, qual será o futuro político da presidente estadual do PSB, que em 2015 completa 70 anos de vida? Restará a Wilma tentar uma disputa municipal daqui a dois anos, mas com Carlos Eduardo sendo bem avaliado, ela pensará duas vezes em desfazer a aliança e perder a vice-prefeitura em caso de reeleição do atual prefeito. Já em 2018, situação complicada para a ex-governadora se repete, com novas candidaturas de Garibaldi e Agripino para o Senado. Wilma vai se render e disputar a Câmara? Ou vai arriscar e dar um tiro no escuro podendo acertar novamente o pé?

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