Cefas Carvalho
e Tiago Rebolo
Governadora reeleita após ter sido prefeita de
Natal por três mandatos, uma das principais lideranças políticas do Estado,
Wilma de Faria (PSB) parecia voar em céu de brigadeiro no início de 2010,
quando abdicou do governo para tentar o que seria a consagração da sua carreira
política: uma vaga no Senado Federal. Contudo, se viu diante de uma “casadinha”
bem azeitada dos adversários José Agripino Maia (DEM) e Garibaldi Filho (PMDB),
além de ver seu candidato ao governo, Iberê Ferreira de Sousa, com problemas de
saúde e sem confiança da população. O resultado foi uma derrota dupla, tanto na
disputa para o Senado quanto para o governo, pois Iberê sucumbiu perante
Rosalba Ciarlini (DEM).
Na ocasião, não faltaram analistas
políticos e mesmo correligionários para
apontar que a melhor saída para Wilma seria disputar uma vaga na Câmara
Federal, tida como certa, e não “trombar” com Agripino e Garibaldi, que tem
estruturas mais eficientes para uma eleição para o Legislativo e não tem
desgastes administrativos. Consta que Wilma não deu ouvidos a tais conselhos e
confiou em seu carisma rumo ao Senado. Deu no que deu.
Em 2014, guardadas as devidas proporções, a
história pode se repetir. Na pré-campanha eleitoral, Wilma não assumia a
candidatura ao Senado, deixando claro que poderia tentar uma nova candidatura
ao Governo. O posicionamento encontrava respaldo nas pesquisas de opinião
pública, que sempre a colocavam como a preferida do eleitorado. Em um
levantamento contratado pelo Portal No Ar e realizado pela Consult entre os
dias 22 e 24 de dezembro do ano passado, por exemplo, Wilma liderava a pesquisa
com 41% das intenções de voto, contra 17% do então cotado Henrique Alves (PMDB)
e 11% de Robinson Faria (PSD). Noutros cenários, a pessebista ainda vencerias
disputas contra Fernando Bezerra e Garibaldi Filho. Mesmo assim, a professora
decidiu arriscar o Senado.
Do outro lado da disputa, Fátima Bezerra (PT),
bem avaliada como deputada federal e disposta a continuar a ampliação de
contatos nos municípios, viu que este seria o momento ideal para tentar uma
vaga no Senado. Para isso, contava ao seu favor não ter que enfrentar Garibaldi
ou Agripino. Sabia também que o PT nacional tinha como meta ampliar a bancada
de senadores, hoje com 13 parlamentares. O aumento seria estratégico num
eventual segundo Governo Dilma e uma boa representação “bancaria” o projeto.
Com o dia da eleição se aproximando, os números
das últimas pesquisas de intenção de voto frustram os aliados de Wilma e
indicam que a tática da ex-governadora pode ter se mostrado mais uma vez
equivocada. A pessebista, que nadava de braçada nos primeiros levantamentos, vê
sua principal oponente ultrapassá-la na disputa e abrir vantagem. Em pesquisa
realizada pelo instituto Certus e divulgada na última terça-feira (23) pelo Blog
do BG, se a eleição fosse hoje, Fátima venceria por mais de 11 pontos de
vantagem: 43,07% a 31,76%.
Parecida situação mostra o levantamento feito
pela Seta, por meio do portal Nominuto. Enquanto a petista lidera com 38,2% das
intenções, Wilma tem 27,3% das pretensões de voto.
A pergunta que fica é: em caso de derrota nas
urnas, seria este o fim da carreira política de Wilma de Faria? Perdendo a
disputa, qual será o futuro político da presidente estadual do PSB, que em 2015
completa 70 anos de vida? Restará a Wilma tentar uma disputa municipal daqui a
dois anos, mas com Carlos Eduardo sendo bem avaliado, ela pensará duas vezes em
desfazer a aliança e perder a vice-prefeitura em caso de reeleição do atual
prefeito. Já em 2018, situação complicada para a ex-governadora se repete, com
novas candidaturas de Garibaldi e Agripino para o Senado. Wilma vai se render e
disputar a Câmara? Ou vai arriscar e dar um tiro no escuro podendo acertar
novamente o pé?
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