Cefas
Carvalho
Presidente
da Câmara Federal, deputado mais antigo em atividade, líder do PMDB, um dos
homens mais poderosos do país. Este é Henrique Alves, que com este currículo
atual teria tudo para ser um dos favoritos (ou o maior favorito) ao Governo do
Estado nesta eleição de 2014. Curiosa e paradoxalmente, não é isso que acontece.
Todo o poder de fogo de Henrique no Congresso e em importantes ações nacionais
parece se desvanecer quando ele se encontra em solo potiguar. Como santo de
casa não faz milagre, Henrique sempre enfrenta dificuldades no Estado em termos
eleitorais-majoritários.
Por esta
razão, Henrique é visto como uma estranha espécie de “adversário ideal” para
dois dos que sonham com o cargo, Robinson faria e Wilma de Faria. Explica-se.
Henrique, apesar do poderio do PMDB, tem rejeição eleitoral alta e não tem o
chamado “potencial de crescimento”, possível quando o candidato é desconhecido
do eleitorado e pode ter o nome trabalho. Henrique é conhecido. Mas, não
necessariamente votado.
O filho de
Aluizio lembra dos dissabores que já passou em majoritárias. Perdeu duas
eleições para a Prefeitura de Natal uma
para Wilma, em 1988 e para Aldo Tinoco Filho (apoiado por Wilma) em 1992,
quando passou pelo constrangimento de enfrentar a irmã gêmea, Ana Catarina
Alves, nas urnas para o mesmo cargo. Em 2002, teve o nome pré-lançado para o
Governo do Estado (o então governador, o primo Garibaldi Filho chegou a criar
uma Secretaria Extraordinária para Henrique), mas uma denúncia na capa da IstoÉ
somada ao nome que não decolavam fizeram com que Henrique desistisse e o então
vice-governador Fernando Freire fosse o candidato do grupo, chegando ao 2º turno e perdendo para- novamente- Wilma de Faria.
Há quem
tente explicar essa falta de simbiose entre Henrique e o eleitorado. Durante
muito tempo, ele amargou o apelido maldoso de “deputado Copa do Mundo” (por
dar as caras de quatro em quatro anos, dizia-se). Hábil articulador,
especialista em tramites burocráticos na Câmara e craque em emendas
parlamentares, Henrique não mostra a mesma desenvoltura em algo fundamental
para a política: o trato com o povo. Ao contrário de Gartibaldi (que tem a fama
de ir até a casamentos e batizados no interior, se convidado) e de Wilma
(identificada com as classes mais humildes) Henrique deixou que se colasse
nele a fama de político distante das bases e do povo, bon vivant e cosmopolita.
Nada que atrapalha uma eleição para deputado. Mas, para cargos majoritários, um
universo maior de eleitores e de demandas eleitorais, essa fama pode custar uma eleição.
Por tantas
razões, nenhum dos pré-candidatos entraria em pânico ao ter Henrique como
adversário. Até porque ele terá que conciliar a agenda de candidato com a dura
tarefa de presidir a Câmara, que estará em pleno funcionamento. Resta saber se
Henrique tentará uma nova e tranquila reeleição com votação recorde ou tentará
a aventura de uma candidatura ao governo.
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