sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Henrique: O adversário ideal para o Governo

Cefas Carvalho
Presidente da Câmara Federal, deputado mais antigo em atividade, líder do PMDB, um dos homens mais poderosos do país. Este é Henrique Alves, que com este currículo atual teria tudo para ser um dos favoritos (ou o maior favorito) ao Governo do Estado nesta eleição de 2014. Curiosa e paradoxalmente, não é isso que acontece. Todo o poder de fogo de Henrique no Congresso e em importantes ações nacionais parece se desvanecer quando ele se encontra em solo potiguar. Como santo de casa não faz milagre, Henrique sempre enfrenta dificuldades no Estado em termos eleitorais-majoritários.
Por esta razão, Henrique é visto como uma estranha espécie de “adversário ideal” para dois dos que sonham com o cargo, Robinson faria e Wilma de Faria. Explica-se. Henrique, apesar do poderio do PMDB, tem rejeição eleitoral alta e não tem o chamado “potencial de crescimento”, possível quando o candidato é desconhecido do eleitorado e pode ter o nome trabalho. Henrique é conhecido. Mas, não necessariamente votado.
O filho de Aluizio lembra dos dissabores que já passou em majoritárias. Perdeu duas eleições para a Prefeitura de Natal  uma para Wilma, em 1988 e para Aldo Tinoco Filho (apoiado por Wilma) em 1992, quando passou pelo constrangimento de enfrentar a irmã gêmea, Ana Catarina Alves, nas urnas para o mesmo cargo. Em 2002, teve o nome pré-lançado para o Governo do Estado (o então governador, o primo Garibaldi Filho chegou a criar uma Secretaria Extraordinária para Henrique), mas uma denúncia na capa da IstoÉ somada ao nome que não decolavam fizeram com que Henrique desistisse e o então vice-governador Fernando Freire fosse o candidato do grupo, chegando ao 2º turno e perdendo para- novamente- Wilma de Faria.
Há quem tente explicar essa falta de simbiose entre Henrique e o eleitorado. Durante muito tempo, ele amargou o apelido maldoso de “deputado Copa do Mundo” (por dar as caras de quatro em quatro anos, dizia-se). Hábil articulador, especialista em tramites burocráticos na Câmara e craque em emendas parlamentares, Henrique não mostra a mesma desenvoltura em algo fundamental para a política: o trato com o povo. Ao contrário de Gartibaldi (que tem a fama de ir até a casamentos e batizados no interior, se convidado) e de Wilma (identificada com as classes mais humildes) Henrique deixou que se colasse nele a fama de político distante das bases e do povo, bon vivant e cosmopolita. Nada que atrapalha uma eleição para deputado. Mas, para cargos majoritários, um universo maior de eleitores e de demandas eleitorais, essa fama pode custar uma eleição.
Por tantas razões, nenhum dos pré-candidatos entraria em pânico ao ter Henrique como adversário. Até porque ele terá que conciliar a agenda de candidato com a dura tarefa de presidir a Câmara, que estará em pleno funcionamento. Resta saber se Henrique tentará uma nova e tranquila reeleição com votação recorde ou tentará a aventura de uma candidatura ao governo.

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