quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ódio a Lula e Dilma tem origem elitista (e não assumida)

Cefas Carvalho

Já li diversos textos que tentam analisar e entender o ódio que Lula e por extensão Dilma e o PT despertam em algumas pessoas. Não se trata de diferença ideológica, crítica pontual, antipatia, não. É ódio mesmo, favorecido e facilitado pela democracia das Redes Sociais. Gente que no dia a dia talvez seja cordial e pacata, mas, que, à simples menção do nome de Lula, esbraveja adjetivos e se porta como um marinheiro bêbado em cabaré de cais do porto.
Claro que há gente de todo naipe entre esses que cultuam o ódio, mas, um tipo se destaca: o elitista. Sim, aquele cidadão (ou cidadã) que, independente de classe social, cor, conta bancária, tem uma sensação de que as coisas estão fora de ordem. É um cidadão que gosta de pompa e circunstância, protocolos e rapapés, que acha bonito uniformes dos Dragões da Independência e ternos italianos. Enfim, gente que, no fundo, acha que presidente da República tem que ter "porte" de presidente (seja lá o que isso for). Gente que simpatiza com FHC (que é "estadista", seja lá o que isso for) pois fala bonito, em vários idiomas e tem diploma na Sorbonne. Que relativiza a violência militar por gostar de "ordem" e por ter uma atração irresistível por fardas e condecorações. E se o general-presidente tiver nome italiano (Médici) ou alemão (Geisel), o glamour fica ainda maior. Collor? Teve seus defeitos, mas é um homem bonito, de "berço", filho de Senador (Arnon, que atirou em colega em pleno senado) e de família rica. Enfim, presidente tem que ter "cara" de presidente. Tudo bem que imigrante pau de arara nordestino tenha seu lugar ao sol, mas, chegar à Presidência... Ainda mais sem diploma de curso superior, errando as concordâncias, baixinho e chegado a cachaça e futebol. Mas, nada é tão ruim que não possa ficar pior. Quando se imagina que um paulista, "culto" (Serra), católico praticante (Alckmin) retomasse a cadeira de presidente para quem tem "berço" ou "formação", eis que uma mulher separada, sem ter pai ou marido importante, baixinha, sem glamour, sem oratória, se meter a ser presidente, ou presidenta, neologismo que ela não pode se dar ao luxo de criar sem ser corrigida á exaustão. Claro, uma mulher na presidência seria positivo, mas, por que não uma que se vista bem (Roseana Sarney) ou que saiba falar (Yeda Crusius) ou ainda glamourosa (Rita Camata). Enfim, quando os índices de aumento de empregos, queda da inadimplência, economia estabilizada, progressos da habitação não convencem o cidadão e ele continua espinafrando impropérios, principalmente em relação ao comportamento social e ao físico de Lula e Dilma, é batata, como diria Nelson Rodrigues. O cara é elitista e não sabe, ou quer disfarçar. Deve ser aquele pessoal que no primário olhava o livro de História e achava lindas as ilustrações e fotos daqueles nomes pomposos, Deodoro da Fonseca, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Campos Sales, quase todos militares ou empresários do eixo Rio-São Paulo-Minas. Esses tempos passaram, queridos. Pena que nem todo mundo percebeu isso.

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