sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eleição de 2014 mostra incógnitas, dúvidas e possíveis surpresas

José Pinto Junior e
Cefas Carvalho

Estamos a uma semana do ano de 2014, com um quadro totalmente indefinido em relação as eleições de outubro, sendo que, o prazo estipulado pela Lei para desencompatibilização, é junho. Talvez seja o processo eleitoral mais atípico das disputas políticas da história do Estado do Rio Grande do Norte.
A governadora Rosalba Ciarlini se esforçava para disputar a reeleição em um contexto ruim, mas sinalizando recuperação. De repente é cassada pela Justiça por usar o avião do Estado para fazer campanha em Mossoró para sua aliada Cláudia Regina (DEM), que também está fora do poder por decisão judicial.
A vice-prefeita de Natal e ex-gorvenadora, Wilma de Faria (PSB) tem respaldo popular e cresceu ainda mais aos olhos dos analistas da cena política. De repente, não mais que de repente, o filho dela, o empresário Lauro Maia (PSB) é condenado a 16 anos de prisão em regime fechado.
Os mesmo observadores que registraram o favoritismo de Wilma para disputar o comando do Estado com a cassação de Rosalba, também registraram a dificuldade, dias depois, da sustentação de sua candidatura majoritária, com um filho preso.  No dia seguinte tudo muda com a cassação da deputada socialista, Larissa Rosado, cujo suplente é justamente seu filho. Ora, se este quadro se confirma, Lauro passa a ter fórum privilegiado ou seja, dá algum fôlego pra a mãe, Wilma de Faria.
A incerteza é companheira em relação à disputa majoritária, tanto no comando da gorvenadora que foi cassada e não saiu do poder, quanto na líder da oposição que foi obstaculada pela candidatura presidencial de Eduardo Campos e pela decisão do juiz Mario Jambo em relação a prisão de seu filho, Lauro Maia, fruto do casamento de Wilma com Lavosier Maia.

FATOR  PMDB
Mas as indecisões da eleição de 2014 não param por aí. O partido com a grande liderança de Garibaldi Filho e do deputado Henrique Alves, que preside a Câmara Federal, não sabe o que quer. Aliás, sabe que quer o comando do Executivo, mas não apresenta um nome que represente o grupo político. Diga-se de passagem que, trata-se do grupo mais poderoso.
Além do prestígio político, da Câmara de Natal ao Palácio do Planalto, o PMDB tem força no segmento empresarial, nos meios de comunicação e excelentes relações no judiciário. Só não tem programa de governo e candidato a governador.
A falta de nomes da situação e da oposição faz da eleição deste ano de 2014 algo realmente diferente das eleições antigas.

E TEM O PT
Historicamente, o Partido dos Trabalhadores se posicionava com uma candidatura ao governo do Estado. Agora já não o faz. Não o faz porque o comando nacional da legenda precisa de mais deputados e senadores em Brasília para dar sustentação aos governos petistas. Leia-se: Lula e Dilma. Logo os projetos locais são sacrificados em favor da prioridade nacional que é a reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
O PDT tem apenas dois nomes fortes: Agnelo Alves e Carlos Eduardo Alves. O primeiro é pai do segundo. São apenas dois, mas com influências estratégicas. O pai, é líder em Parnamirim, embora despache na Assembléia Legislativa como deputado estadual. O filho é prefeito de Natal. Carlos tem dito que continua prefeito e que não lhe interessa ser candidato a governador. Mas há setores do carlismo  que desejam Carlos na disputa eleitoral, como candidato a governador.
Os argumentos já foram apresentados: ao renunciar Carlos entrega o comando da prefeitura à sua vice, Wilma de Faria. Nesta atitude já tira do meio do caminho a líder nas pesquisas para suceder Rosalba. Carlos não é do PMDB, mas já foi. Agora mesmo sendo do PDT, teria o apoio da banda da família Alves, que domina a mega estrutura capaz de alavancar sua candidatura.
Na política do Rio Grande do Norte, o parentesco é ainda mais importante que a ideologia ou filiação partidária. Logo, Carlos pode aparecer como opção neste contexto confuso.

Sobre a esquerda – Os partidos: PSTU, PSOL e PCB conversam para formarem uma aliança. Mas esbarram na falta de unidade programática e de lideranças. O PSOL já tem candidato a presidente, o senador Randolfe Rodrigues (AP). No RN, o partido de Heloísa Helena tem quatro pré-candidatos. Isto sem falar nos nomes do PCB e PSTU.

Fator PROS – O Partido da República e da Ordem Social até agora não apresentou ambição majoritária, embora detenha a presidência da Assembléia Legislativa, na pessoa do deputado Ricardo Motta, presidente da Câmara Municipal de Natal. Detém ainda a maior bancada nas duas casas. A aposta do PROS é eleger o vereador Rafael Motta, para a Câmara dos Deputados.

Fator PSD – O que falta no PMDB sobra no PSD. Enquanto o partido de Henrique Alves tem estrutura forte e não tem nomes, o partido presidido por Robinson Faria insiste como o nome da oposição à governadora Rosalba. O vice-governador até agora esbarra na falta de apoio das demais legendas de oposição. Vontade e disposição não lhe tem faltado.

FATOR PR – O deputado João Maia é o líder da bancada federal. Tem aliados em cidades importantes da Grande Natal, como  São Gonçalo do Amarante,  Ceará-Mirim. Bem preparado intelectualmente, tem forte penetração no Seridó, região da qual é precursor. O economista tem sonho majoritário, mas é pragmático. Não entra em aventura, pode ser candidato a governador se tiver o apoio do PMDB de Garibaldi e de Henrique Alves. Também pode ser candidato a vice-governador se o candidato for o Ministro da Previdência, mas sobre o tema, o comandante do PR não fala uma palavra sequer.

Fator PMN – O Partido da Mobilização Nacional é presidido no solo potiguar pelo deputado estadual Antônio Jácome, o parlamentar lidera o segmento evangélico no Estado e poderá disputar mandato de Deputado Federal. Seu filho, Jacó Jácome, é vereador em Natal e pode ser candidato a deputado estadual.
Seja qual for o partido ou o candidato vitorioso, 2014  testemunhará o mais atípico e confuso processo eleitoral da história recente da política potiguar.

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